por Maira Kodama
Original: http://www.4quatros.com/blog/jogos-que-podem-ou-nao-melhorar-seu-desempenho-em-matematica/
Não me levem a mal, não quero receber e-mail de pais reclamando que o
filho disse que eu mandei ele parar de estudar e ficar jogando video game
a tarde inteira. O potencial de aplicar habilidades e conhecimentos
adquiridos em jogos depende, e muito, da capacidade de correlacionar e
adaptar essas habilidades, o que não é absolutamente nada ordinário.
Existe um caso de um estudante que passou em química orgânica na
faculdade graças aos jogos de Pokemon (se seu inglês é bom, eu aconselho ler a matéria), mas asseguro que a habilidade da minha tia em lidar com números não melhorou nada com essa febre de sudoku.
Quando o assunto é video game e educação, é muito difícil
deixar de falar do Nintendo DS, no Japão o console foi introduzido em
escolas, é utilizado para treinamento de funcionários (inclusive na rede
McDonald’s) e existem inúmeros softwares educativos “ortodoxos” como seleções de exercício, softwares de treino de caligrafia, dicionários e etc. Dentro dessa seleção “ortodoxa” o exemplo mais conhecido no ocidente é a série Brain Age,
que faz um ótimo trabalho em melhorar a velocidade de contas de cabeça.
Mas esse não é meu foco aqui porque não importa o que me digam, Brain Age é um software, não um jogo.
Então, vamos à parte do post que soa como uma desculpa pra eu falar
de uma das minhas séries de jogos preferida (não esquecendo que nenhum
dos jogos que eu cito tem versão em português, então você pode
aproveitar a oportunidade pra treinar seu inglês ou japonês dependendo
da versão que escolher jogar).
A série Prof. Layton
Existem seis jogos dessa série, cinco para o Nintendo DS/DSi (The Curious Village, The Diabolical Box, The Unwound Future, The Last Specter, The Eternal Diva) e um para o novo console o 3DS (The Mask of Miracle).
Eu joguei os dois primeiros e o do 3DS, e fiquei tão empolgada quando
joguei o primeiro, que terminei o jogo em cerca de 30 horas corridas com
cerca de 24 horas de jogo, mas isso não é importante. Esses jogos são o
que se chama de action puzzle games, ou seja, existe ação, raciocínio e nesse caso, ótimas cenas de animação.
Todos os jogos dessa série têm mais ou menos a mesma estrutura:
existe um mistério e para resolvê-lo você precisa explorar a cidade e
conversar com os moradores; ao fazê-lo você encontra diversos problemas e
charadas que devem ser resolvidos para terminar o jogo. Parte dessas
charadas você encontra obrigatoriamente ao jogar e outra parte é
encontrada com exploração. Existe também um sistema de dicas bem
interessante, que direciona o raciocínio do jogador maravilhosamente.
Como essa série pode te ajudar:
Grande parte desses problemas exige interpretação de texto, imagens
e/ou lógica matemática para ser resolvida (assim como algumas questões
do ENEM). Os problemas até o fim do jogo não são excepcionalmente
difíceis, alguns são clássicos, outros inusitados. E, ao terminar o
jogo, alguns problemas extras, mais difíceis, são liberados.
A beleza dos problemas da série, do meu ponto de vista, está na variedade. Ao contrário de outros puzzle games que exigem poucas habilidades e muita repetição (como sudoku
e similares, onde repete-se o mesmo sistema de raciocínio até que o
processo se torne mecânico), a série Prof. Layton exige que você pense
de maneira diferente o tempo todo, ensina que o essencial para resolução
de problemas é a abordagem, o jeito de pensar. Os jogos também mostram
um pouco da beleza dos problemas em geral, alguns parecem complicados,
mas com a abordagem certa se tornam muito simples, enquanto outros
parecem ser bastante simples e dão um bocado de trabalho (como o
clássico problema das 8 rainhas no tabuleiro de xadrez).
Pontos fracos:
Conversando com um amigo a respeito da série, ele disse que desistiu nos dez primeiros minutos de jogo, porque “esse joguinho estava tentando me forçar a fazer lição de casa”.
E por mais que seja uma das minhas séries preferidas, os jogos podem
ser bastante cansativos e têm muito texto, e se o seu conhecimento do
idioma não for dos melhores, os jogos podem ser muito frustrantes. Não
sei nem dizer quantas vezes eu errei um problema no jogo The Mask of Miracle (ou Kisetsu no Kamen em japonês) por ter jogado em japonês e ter interpretado mal o que o jogo queria de mim.
E se você gostar dessa série, pode ser que valha a pena jogar Ghost trick,
não tanto pelo seu potencial educativo, mas é um ótimo jogo,
relativamente desconhecido e também curto. Serve pra você que precisa
estudar, não abre mão de alguma diversão e tem um relacionamento pouco
saudável com jogos (como eu).
Nenhum comentário:
Postar um comentário