segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Jogos que podem (ou não) melhorar seu desempenho em matemática





por Maira Kodama

Não me levem a mal, não quero receber e-mail de pais reclamando que o filho disse que eu mandei ele parar de estudar e ficar jogando video game a tarde inteira. O potencial de aplicar habilidades e conhecimentos adquiridos em jogos depende, e muito, da capacidade de correlacionar e adaptar essas habilidades, o que não é absolutamente nada ordinário. Existe um caso de um estudante que passou em química orgânica na faculdade graças aos jogos de Pokemon (se seu inglês é bom, eu aconselho ler a matéria), mas asseguro que a habilidade da minha tia em lidar com números não melhorou nada com essa febre de sudoku.
Quando o assunto é video game e educação, é muito difícil deixar de falar do Nintendo DS, no Japão o console foi introduzido em escolas, é utilizado para treinamento de funcionários (inclusive na rede McDonald’s) e existem inúmeros softwares educativos “ortodoxos” como seleções de exercício, softwares de treino de caligrafia, dicionários e etc. Dentro dessa seleção “ortodoxa” o exemplo mais conhecido no ocidente é a série Brain Age, que faz um ótimo trabalho em melhorar a velocidade de contas de cabeça. Mas esse não é meu foco aqui porque não importa o que me digam, Brain Age é um software, não um jogo.
Então, vamos à parte do post que soa como uma desculpa pra eu falar de uma das minhas séries de jogos preferida (não esquecendo que nenhum dos jogos que eu cito tem versão em português, então você pode aproveitar a oportunidade pra treinar seu inglês ou japonês dependendo da versão que escolher jogar).

A série Prof. Layton


E os Jogos são Muito Bonitos

Existem seis jogos dessa série, cinco para o Nintendo DS/DSi (The Curious Village, The Diabolical Box, The Unwound Future, The Last Specter, The Eternal Diva) e um para o novo console o 3DS (The Mask of Miracle). Eu joguei os dois primeiros e o do 3DS, e fiquei tão empolgada quando joguei o primeiro, que terminei o jogo em cerca de 30 horas corridas com cerca de 24 horas de jogo, mas isso não é importante. Esses jogos são o que se chama de action puzzle games, ou seja, existe  ação, raciocínio e nesse caso, ótimas cenas de animação.
Todos os jogos dessa série têm mais ou menos a mesma estrutura: existe um mistério e para resolvê-lo você precisa explorar a cidade e conversar com os moradores; ao fazê-lo você encontra diversos problemas e charadas que devem ser resolvidos para terminar o jogo. Parte dessas charadas você encontra obrigatoriamente ao jogar e outra parte é encontrada com exploração. Existe também um sistema de dicas bem interessante, que direciona o raciocínio do jogador maravilhosamente.



Exemplo de Problema da Série

Como essa série pode te ajudar:

Grande parte desses problemas exige interpretação de texto, imagens e/ou lógica matemática para ser resolvida (assim como algumas questões do ENEM). Os problemas até o fim do jogo não são excepcionalmente difíceis, alguns são clássicos, outros inusitados. E, ao terminar o jogo, alguns problemas extras, mais difíceis, são liberados.
A beleza dos problemas da série, do meu ponto de vista, está na variedade. Ao contrário de outros puzzle games que exigem poucas habilidades e muita repetição (como sudoku e similares, onde repete-se o mesmo sistema de raciocínio até que o processo se torne mecânico), a série Prof. Layton exige que você pense de maneira diferente o tempo todo, ensina que o essencial para resolução de problemas é a abordagem, o jeito de pensar. Os jogos também mostram um pouco da beleza dos problemas em geral, alguns parecem complicados, mas com a abordagem certa se tornam muito simples, enquanto outros parecem ser bastante simples e dão um bocado de trabalho (como o clássico problema das 8 rainhas no tabuleiro de xadrez).


O Clássico Problema das 8 Rainhas
O Clássico Problema das 8 Rainhas

 

Pontos fracos:

Conversando com um amigo a respeito da série, ele disse que desistiu nos dez primeiros minutos de jogo, porque “esse joguinho estava tentando me forçar a fazer lição de casa”. E por mais que seja uma das minhas séries preferidas, os jogos podem ser bastante cansativos e têm muito texto, e se o seu conhecimento do idioma não for dos melhores, os jogos podem ser muito frustrantes. Não sei nem dizer quantas vezes eu errei um problema no jogo The Mask of Miracle (ou Kisetsu no Kamen em japonês) por ter jogado em japonês e ter interpretado mal o que o jogo queria de mim.
E se você gostar dessa série, pode ser que valha a pena jogar Ghost trick, não tanto pelo seu potencial educativo, mas é um ótimo jogo, relativamente desconhecido e também curto. Serve pra você que precisa estudar, não abre mão de alguma diversão e tem um relacionamento pouco saudável com jogos (como eu).

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